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A VIDA MAIS LEVE, EM 10 ACTOS


Ainda estou a estranhar. Escrever um artigo a propor 10 dicas para o que quer que seja ainda me soa estranho. Mas acho que é uma forma de colocar em prática a dica n°6.

Todas estas sugestões que aqui deixo são transversais a qualquer momento da nossa vida. Resultam, sem demagogia alguma, do que a vida me foi ensinando, ou alguém próximo (como a minha mãe), ou alguém com quem me cruzei, ou até mesmo um livro. Aprendi a lição, sim, mas só quando a vivi é que ela se tornou numa verdade para mim. Estes 10 actos resultam comigo, tornaram a minha vida mais leve. Quem sabe também resultam consigo?

1. É o que é. É possível que a quantidade de vezes que digo esta frase seja excessiva. Quase que lhe chamaria uma bengala. Mas com ela vem a aceitação daquilo que não posso controlar, de modo a focar-me naquilo que posso.

Do trânsito no caminho para casa à inércia do nosso colega do lado. Eu posso escolher desgastar-me, barafustar, bufar, gritar com o problema em si e não mexer uma virgula para a sua resolução, focada que estou em revoltar-me com a mesma. Ou posso aceitar que ela é o que é, que ela ter lugar está fora do meu alcance, mas que aceitá-la de modo a poupar a minha energia para pensar numa solução, isso sim, já posso controlar.

2. Pare de se queixar. A sério, não há paciência. A sua empresa não vai mudar, o seu colega não vai mudar, a sua mulher ou marido não vai mudar. Mas podemo-nos mudar a nós, isso sim, mas só quando nos predispomos a isso (ou a vida nos obriga), quando aceitamos que nos queixarmos é mais do mesmo, não traz nada de novo, não muda nada, e é desgastante para si, e para todos os que o rodeiam.

3. Faça uma coisa de que andava a fugir. Boa parte da energia que dispensamos quando procrastinamos, seja em adiar uma decisão, um telefonema, uma conversa, reside no desgaste entre o momento em que sabemos que temos de a fazer e o momento em que efectivamente a fazemos.

Pense nisto: não fica mais ansioso, por exemplo, quando tem de falar com um cliente para o avisar que a encomenda está atrasada, do que quando efectivamente o faz? Não se sente aliviado depois de o fazer, mais do que enquanto acumulou tensão até concluir essa tarefa?

4. Procure estar com pessoas que o inspirem, com quem tenha conversas boas, construtivas, inspiradoras ou simplesmente bem-dispostas, mais leves :-). Contribua para essa boa energia, ou deixe-se pelo menos contagiar e influenciar por ela na sua próxima atitude, seja simplesmente devolver um sorriso a terceiros, enfrentar um medo ou dar mais um passo no seu negócio.

5. Agradeça. Foque-se no que tem e não no que não tem. Esta dica fala por si, mas não me refiro apenas ao que temos como um todo, e muito menos material. Sorria perante as pequenas coisas. Não. Vibre perante as pequenas grandes coisas. Foi com minha mãe que aprendi este exercício vital, mas só hoje entendo o seu imenso alcance.

Lembro-me da quantidade de vezes que me contou (ainda conta…) como o meu avô a chamava a atenção, em viagens, para a quantidade de verdes que vinham da natureza. Hoje repito este exercício com as minhas filhas (e ela também).

Há quem tenha um diário ou um pote da gratidão. Já eu, quando vou adormecer as minhas filhas, peço-lhes para partilharem comigo o que agradecem daquele dia que termina, e faço o mesmo exercício comigo própria, em silêncio, enquanto elas caem no seu sono. E é incrível o poder positivo que este pequeno gesto, de agradecer, tem em mim.

6. Saia da sua zona de conforto. É desconfortável, eu sei, mas uma vez alcançado o resultado, torna-se bem mais confortável do que o ponto de que partiu. De cada vez que saio da minha zona de conforto, tenho o conforto de saber que consegui fazer o desconfortável. E isso só traz benefícios, desde acreditar na minha capacidade de fazer acontecer, de ultrapassar obstáculos, aprendo (corra bem ou mail…) e, em última instância, levo uma situação para a frente.

7. Procure um escape. Dizia-me uma cliente há dias que quando corta silvas no seu jardim nem dá pelo tempo passar. Claro que o que é escape para a minha cliente pode não ser para si ou para mim... jogar cartas, jogar às apanhadinhas com o seu filho, uma corrida matinal ou uma caminhada ao fim do dia ou à hora do almoço, colocar a música Don't Stop Me Now, dos Queen, bem alto e cantar aos berros no carro sem se preocupar com os olhares desconfiados no carro ao lado (acontece-me com bastante regularidade), ler um livro e sublinhar ideias, fazer experiências na cozinha, meditar, dançar como se ninguém estivesse a ver (mesmo que esteja), fazer um disparate. Tudo para se sentir criança, e bem leve.

Repare que nenhum dos passatempos que dou como exemplo envolve qualquer tipo de electrónica, comprar ou consumir. Porque a ideia é mesmo essa, é incita-lo a praticar a simplicidade, a reduzir a quantidade de estímulos que dá ao seu cérebro, e dar-lhe assim, e a si, uma merecida pausa.

8. Ria-se de si próprio. Literalmente. Dê-se um “desconto”, uma “folga”. E não quero que isto sirva de desculpa para não mudar algum comportamento ou atitude que o possa estar a afectar ou bloquear de seguir em frente.

Mas a vida são mesmo dois dias, por isso toca a aliviar o ar e não sermos tão maus connosco próprios. We're only humans, after all.

9. Aceite, a sua, a nossa mortalidade. Mais cedo ou mais tarde, vamos todos parar ao mesmo jardim. E no entanto, vemos com lentes macroscópicas coisas muito, muito pequeninas. Damos-lhe a importância e a energia que elas não merecem. Zangamo-nos, irritamo-nos, connosco, com outros, com isto e com aquilo.

Esta sugestão ainda não me sai naturalmente, ainda requer treino, mas tenho tentado olhá-la de frente, e interiorizar que à luz da nossa mortalidade, desse período de tempo imprevisível durante o qual temos o privilégio de por aqui passar, essas tais grandes pequenas coisas ganham a sua verdadeira dimensão, que em última instância, é nenhuma. Conseguimos relativizá-las e perceber que são uma perda do tempo precioso que não sabemos se temos.

10. Respire fundo. Conte até 10. OK, está tudo um pouco mais calmo. E agora reage a morno, não a quente... é difícil não, é? A reacção impulsiva é mais rápida que o nosso pensamento. Mas é mesmo uma questão de treino. E assim aquilo que viria a tornar-se numa bola de neve gigante, derrete, e vira água, apenas isso.

Todas estas dicas, caso não sejam naturais à nossa forma de estar, requerem treino. Somos criaturas de hábitos, e quebrá-los é, por si só, um exercício desconfortável. Mas é também um exercício de superação.

Hmmm... Tenho uma ou outra mais. Quem sabe um dia destes escrevo o segundo capítulo 😉?

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