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OS MEUS CHEFES, OS MEUS LÍDERES E AS LIÇÕES QUE ME ENSINARAM.


Durante um considerável período da minha carreira mudei de empresa de ano e meio em ano e meio. Nem sempre estas mudanças aconteceram por minha exclusiva iniciativa, por vezes tiveram lugar dentro de uma mesma estrutura ou dentro de empresas de um mesmo grupo mas, por uma razão ou por outra, aconteceram a um ritmo quase sistemático.

Para efeitos deste artigo, ter passado por várias empresas, sectores e países, resultou num número bem considerável de chefes. Alguns foram apenas isso, chefes, outros foram líderes. E para o bem ou para o mal, aprendi com as duas categorias de … perfis, chamemos-lhes assim.Já com alguma distância, é-me possível avaliar o papel de cada um: com alguns a aprendizagem foi contínua, com um ou outro aprendi o que não quero nunca ser como líder, com alguns quase que desaprendi o que achava saber, outros nem sequer deixaram marca. Mas o mais importante é que daqueles que fizeram a diferença, trouxe algumas das lições que retenho e que servem de orientação à minha forma de trabalhar, ainda que por conta própria, ao que sou e ao que quero ser. Eis o que aprendi:

1- A não apresentar um problema sem uma possível solução para o mesmo. E lembro-me bem de entrar no gabinete de um dos meus ex-líderes com um problema, e de o mesmo o “devolver” com esta premissa, tão simples, elementar mesmo, mas que exige desde logo uma atitude mais pro-activa, e de foco na solução, não no problema.

2- Aprendi que delegar é uma forma de dizer “confio em ti”, é atribuir responsabilidade, por um lado, e deixar a quem a recebe espaço para a aprendizagem, para o desafio pessoal, para o desenvolvimento do seu potencial e crescimento enquanto profissional. E que o oposto passa exactamente a mensagem inversa.

3- A não fazer críticas negativas, desprovidas de contexto, sem primeiro realçar as positivas. E a construir a crítica, a explicá-la, a ter em consideração o receptor da mensagem. Também esta lição teve um momento de ensinamento específico, do qual me recordo de forma explícita (e já lá vão 15 anos). E embora a tenha aprendido relativamente à relação entre cliente e agência criativa, considero-a pertinente em qualquer relação de trabalho.

4- Aprendi o poder do elogio. Não falo do elogio gratuito, mas do construtivo, do reconhecimento de um trabalho bem feito, e que por si só funciona como “trigger” da motivação. Um ambiente de trabalho desprovido de elogio (merecido) é por si só desmotivador, tornando qualquer crítica muito mais destrutiva.

5- A dominar os temas, a conhecer as tendências, as quotas de mercado, os preços, a ter as vendas na “ponta da língua”, quem comprou e quem não comprou e porquê. E não, não foi num departamento comercial que me desafiaram de forma recorrente a colocar em prática esta lição, foi no Marketing. Em última instância, ensinaram-me a não ser apanhada desprevenida e a não deixar pontas soltas. E embora esta aprendizagem não tenha uma aplicação tão linear na actividade que exerço actualmente, ela incitou-me a estar alerta, a querer saber sempre mais e a não me acomodar.

6- Aprendi a fazer apresentações. Sobre estratégias, resultados, planos de marketing, sobre a empresa, sobre o mercado, sobre uma parceria, uma marca, um produto, uma proposta, entre vários outros temas. Mas não faltaram dores de crescimento… levei tanto, mas tanto, na cabeça, durante muito tempo, porque faltava isto ou aquilo, ou porque o raciocínio ou a agenda ou a sequência de slides ou as contas não estavam correctas. E, a cada apresentação, fui aprimorando o engenho de as construir, de torna-las mais objetivas, mais apelativas, mais assertivas.

7- Mas não se deixe enganar. Construir apresentações contribuiu para muito mais do que saber fazer um documento bonitinho em power point. Ajudou-me a estruturar o meu raciocínio e a apresenta-lo, e isso não tem preço.

8- Aprendi o respeito pelas questões, urgências familiares, pessoais, e que quando damos espaço para as mesmas, estamos também a dar responsabilidade, confiança, e o retorno é lealdade, agradecimento e dedicação acrescida.

10- Aprendi que um bom líder necessita de aliar inteligência emocional à competência técnica, e que aí reside a diferença entre um bom líder e um chefe. E que a capacidade para gerir pessoas não resulta necessariamente do mesmo conjunto de competências que leva um profissional a ser um vendedor, engenheiro, técnico ou mesmo empreendedor exímio. A aptidão, a arte de gerir pessoas, não é para qualquer um, e seja um talento inato ou uma competência treinada, é preciso querer aprende-la e decidir que tipo de líder queremos ser.

Até há não muito tempo, não primava pela capacidade de escuta. Mas a vontade de aprender e de absorver informação fez de mim uma “aluna”, uma observadora atenta. E por isso cada lição ensinada com que me “deparei” foi bem apreendida e interiorizada.

Aprendi muitas outras coisas, ora comigo própria, ora com os meus pares ou superiores. E na era das infindáveis, profundas, arrebatadoras (e irritantes qb…) frases inspiracionais, aquela que ninguém me ensinou, mas que sempre vivi na pele, foi que "aquele que escolhe um trabalho de que gosta, nunca terá de trabalhar um dia na sua vida”. Com os devidos ajustes, e com a plena noção de se tratar de uma privilégio que não toca a todos, esta foi a minha fórmula para um dos mais badalados temas da actualidade, o do equilíbrio pessoal e profissional.

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