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LADROES DE ENERGIA


Às vezes a vida passa-nos ao lado. Fazemos quinhentas coisas ao mesmo tempo sem usufruir plenamente de nenhuma.

Estou com a minha filha ao lado, e enquanto aquele ser mais doce de faróis azuis dança, eu faço scrolldown no instagram. Mato tempo, literalmente, consumo, mais do que fast, junkfood, em vez de registar aquele momento Kodak, não com o telemóvel, mas com a minha memória fotográfica. Melhor ainda, em vez de me juntar a ela e dançar de forma solta e completamente desengonçada! E ter também eu novamente 4 pequeninos anos.

Vivemos numa época de fastfood informacional. “Engolimos” informação ininterruptamente sem sequer darmos tempo ao nosso cérebro, em constante actividade, de digerir e discernir o essencial do descartável.

Somos a(s) geração(s) dos títulos de artigos e das frases inspiracionais. Emitimos opiniões com base em conhecimento adquirido em títulos de artigos. Lemos cada frase inspiracional de forma ávida e profunda, quem sabe na esperança de que a mensagem evangelizada se torne parte de nós, da nossa própria forma de estar, ou um statement da mesma. E não há rede social que escape, do Linkedin ao Instagram.

Temos apps para dormir, apps para beber água, apps para contar os passos que damos, apps para nos ajudar a organizar a nossa vida, apps para controlar calorias, ou até para nos dizer quanto tempo estamos a passar nas redes sociais exactamente porque temos noção que estamos a fazê-lo em demasia…

O maldito multitasking, verdadeiro mito urbano (que anteriormente defendia de forma veemente), que nos dá a tremenda capacidade de executar várias tarefas em simultâneo. E que em última instância a única coisa que nos dá são distracções simultâneas aplicadas a várias tarefas simultâneas.

As tarefas que teimamos em adiar e que nos remoem a cabeça num sítio bem recôndito do nosso cérebro, que nos diz “já fizeste, já fizeste, já fizeste?”. E estão lá num ruminar surdo constante, até que as demos por terminadas e o possamos silenciar, dando lugar a uma sensação de leveza que não sabemos explicar e que nos diz “está feito”.

Aquele orçamento que temos mesmo de fazer. O telefonema ao cliente a quem até gostamos de facilitar a vida, mas cujo pagamento está mais do que atrasado e a contabilidade da nossa empresa nos pede que o contactemos. A aula de ginástica a que sabemos que queremos e temos de ir. Um comentário desagradável de um colega de trabalho a que não reagimos. A culpa por não tirar meia hora para um jogo em família. Desculpas válidas, com certeza, falta de tempo, a cabeça em "água", pilhas de trabalho… E quando deixamos de arranjar desculpas, quando vamos e fazemos, dizemos a nós próprios “sabe tão bem, porque é que não fiz isto há mais tempo?”.

Verdadeiros LADRÕES DE ENERGIA. Sugam a que precisamos, a tal energia, para o essencial. Controlam-nos. São puro desperdício, de tempo e de disponibilidade e organização mental.

Eles são tudo isso até que os identificamos e os olhamos de frente.

E aqui fica o desafio: escreva os seus num papel, todos eles, independentemente da sua natureza (pessoal ou profissional). Pense bem no que precisa de fazer para acabar com eles. E mais importante, decida até quando é que o quer fazer.

Quando é que vai colocar o telemóvel numa gaveta, desinstalar uma app, abrir a folha do Excel, dançar a música com a sua filha, fazer aquele telefonema adiado.

E nesse momento percebe(mos) que a energia que os tais ladrões nos consumiram até à sua aniquilação, foi bem superior ao acto per si!

E então, sem darmos por ela, vivemos melhor. Mais aqui e agora, mais leves ;-)

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